“Ele chegou dizendo queria se incomodar”, diz dono de bar em São Martinho da Serra onde ocorreram duas mortes no fim de semana

Autor: Mateus Ferreira e Pablo Iglesias

“Ele chegou dizendo queria se incomodar”, diz dono de bar em São Martinho da Serra onde ocorreram duas mortes no fim de semana

Foto: Rafael Rintzel (Diário)

Testemunhas começaram a ser ouvidas na quarta-feira (16) na investigação que apura as mortes de Carlos Alberto Pereira Maia, 32 anos, e Carlos Alberto Flores Machado, 53, na noite do último domingo (13) em um bar na localidade de Água Negra, na ERS-516, em São Martinho da Serra. O suspeito de dar os tiros que mataram as vítimas é um tenente da Brigada Militar, de 46 anos, que estava de folga no dia. 


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Em depoimento na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), o policial alegou legítima defesa e está em liberdade. Ele foi afastado das funções militares e vai responder a um inquérito policial militar.


Em entrevista exclusiva com o proprietário do bar, Vinicios Arruda, que administra o estabelecimento há sete meses, a hipótese de legítima defesa ganha um contraponto, com base no relato que apresenta detalhes de como se desenrolaram os acontecimentos naquela noite. Segundo o empresário, o policial teria chegado no local, na noite de domingo, pedido uma cerveja e avisado que “estaria a fim de se incomodar”.

 
O tenente teria provocado uma discussão com alguns frequentadores do estabelecimento e usado uma faca, provocando ferimentos em pelo menos sete pessoas, incluindo Maia e Machado. Ainda conforme a testemunha, não houve briga generalizada, como consta na ocorrência policial do fato.

 
Questionada sobre essa versão, a Polícia Civil disse que o inquérito já foi aberto e a partir dos testemunhos vai chegar à conclusão de como as mortes ocorreram. Neste momento, não há necessidade de decretação de prisão preventiva do policial, pois não existem motivos suficientes para isso por enquanto.


Confira a entrevista à reportagem do Diário concedida na tarde de quarta-feira no bar, que fica no limite entre Santa Maria e São Martinho da Serra.


Diário – Em qual parte do bar você estava no momento do crime e onde estavam as pessoas feridas?
Vinicios Arruda – Eu estava no balcão realizando os atendimentos e as pessoas que foram feridas estavam reunidas em uma mesa na parte da frente do bar.


Diário – O autor dos disparos era um frequentador do bar?
Arruda – Ele não frequentava o bar de maneira assídua, era sempre de passada, pois tem uma propriedade rural em uma região que fica a 30 quilômetros daqui. Então ele frequentava ou na ida para lá ou na volta para a cidade.


Diário – A partir de qual momento os desentendimentos começaram?
Arruda – Fazia mais ou menos uns 15 minutos que ele (PM) havia chegada no bar e estava visivelmente embriagado. Ele solicitou uma cerveja e em pelo menos três oportunidades me recordo de dizer: “Hoje eu estou a fim de incomodar”. Eu respondi dizendo que aqui era um ambiente familiar e que não haveria motivos para isso. Nessas oportunidades, ele mostrava a faca que ele carregava na cintura. A primeira provocação foi para um menino de 17 anos, em que ele perguntou se era usuário de drogas e de maneira até educada o rapaz respondeu que não. Nesse meio tempo, ele (PM) pagou a conta, mas pediu outra cerveja, disse que ia embora e saiu em direção aonde as pessoas estavam. A partir desse momento, eu e minha namorada percebemos uma movimentação de confusão. Desligamos a música e pedimos para que todos fossem embora e eu, sabendo das ameaças que ele tinha me dito no balcão, tentei convencê-lo a ir embora, mas ele puxou a faca e partiu em direção às pessoas. Com isso, o Carlos Alberto Maia, para se defender, também puxou uma faca e desferiram golpes um no outro.


Diário – Em qual momento o policial usou a pistola?
Arruda – Depois que houve essas agressões com facas, o PM foi contido pelas pessoas que estavam envolvidas. Todos os envolvidos foram para cima dele, pois queriam que ele parasse com aquilo, mas ele conseguiu sacar o revólver que estava escondido na cintura, que até então ninguém sabia que ele estava portando, pois ele só estava com a faca à mostra, e começou a efetuar disparos aleatoriamente nas pessoas que foram baleadas. Quando ele parou de atirar, o Carlos Alberto Maia correu para dentro do bar para se proteger e ele foi atrás e efetuou disparos pelas costas dele. Foi tudo muito rápido.


Diário – Qual a situação do bar agora?
Arruda – Na segunda-feira, mantivemos fechado e reabrimos somente na terça à tarde. Foi uma grande tragédia que impactou toda a comunidade, mas temos que seguir em frente.


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